Wednesday, June 25, 2008

África

No Burkina Faso a repressão policial abateu-se contra as manifestações e houve 2 centenas de mortos.

Nos Camarões, centenas de jovens e trabalhadores foram presos por se manifestarem contra o aumento do custo de vida - com recurso a julgamentos aleatórios e em série. Também nos Camarões, a polícia assassinou durante 2006 e 2007 vários estudantes que participavam em protestos contra a limitação das entradas na Nova Faculdade de Medicina da Universidade de Buea.

No Senegal, motins e manifestações de milhares de mulheres saíram à rua contra o aumento do preço dos bens essenciais.

Na Costa do Marfim, a população manifesta-se gritando "Gbagbo, temos fome!", enquanto o Presidente recebe os amigos franceses (Jack Lang - que medalhou pela sua qualidade de "humanista") e com eles dança pelo "red light district" de Abidjan. Também sobre estes homens e mulheres famintos caiu o bastão do Estado repressor.

Na África do Sul, nomeadamente em Joanesburgo, manifestações de milhares de trabalhadores, jovens e mulheres, lutam contra a privatização da água. Os tribunais declaram ilegais e inconstitucionais os contadores de água pré-pagos no Soweto.

Marrocos continua ocupando o Sahara Ocidental, condenando milhares ao isolamento, à fome e à sede, limitando o acesso de um povo aos mais essenciais serviços, como a Educação e a Saúde.

Por toda a África, a terra sangra e o povo luta.
África nas mãos de todos menos do seu povo.

E sempre que o povo se levanta para fazer o seu destino por mãos próprias, a repressão cai lesta. E a lavagem ideológica não tarda. Por toda a África, a terra chora e o povo combate.

Mas nós por cá... só temos acesso a notícias sobre um tal Zimbabwe. Parece que já não é terra de turismo-safari, nem de latifúndio britânico. Parece que por lá já não manda o homem branco e seus caprichos. Por isso mesmo, cá e lá se começa a desenhar uma intervenção estrangeira mais musculada. Fiquemos atentos. Curiosamente ninguém fala de intervenções democráticas na Costa do Marfim, no Senegal, em Marrocos, nos Camarões ou no Burkina Faso.

1 comment:

Sal said...

Exacto!
E não se inibem de falar de uma suposta "barbárie" para com os tibetanos, por parte da China... Subvertendo a verdade, dando voz a outros interesses que mais alto se levantam, atirando-nos com aquela figurinha do Dalai Lama.
Está tudo relacionado. As notícias são veículadas com uma velocidade directamente proporcional à exploração efectuada pelo grande capital, e de acordo com os seus interesses geo-estratégicos.

Excelente post
Beijinhos