Friday, October 10, 2008

a crise

O momento actual encerra autênticas oportunidades de aprendizagem. Porque sou relativamente novo, nunca tinha presenciado uma crise tão aguda do sistema capitalista no que toca aos seus mercados. Pois, que crises agudas, essas vemo-las todos os dias por aí, principalmente nas casas dos trabalhadores e com maiores repercussões ainda nos países mais esmagados pelo sistema de exploração capitalista.

Quando vejo a crise na tv e nos jornais e os senhores do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional, da Reserva Federal Americana, dos governos de todo o lado incluindo o nosso, fico algo confuso com isto da dinâmica da economia actual. Mas o que salta à vista de todos é um conjunto de importantes e objectivas premissas que devem ser analisadas e racionalizadas como elementos para o nosso posicionamento, de preferência, um posicionamento que, compreendendo o sistema, se proponha a ultrapassá-lo ao invés de lhe dar novos balões de oxigénio à custa do oxigénio dos povos.

1. os governos mais neo-liberais que foram desmantelado os estados correspondentes correm agora em pânico a injectar milhares de milhões de euros (biliões americanos) nas estruturas financeiras privadas que desbarataram, por via especulativa, as economias materiais, sempre tentando converter k em k', em que k=capital e k' é maior que k sem passar pelo processo produtivo.

2. a taxa euribor baixou hoje, o que não se verificava há algum tempo, sendo que subia há 21 dias consecutivos.

3. os preços das matérias primas decaem significativamente.

4. os preços ao consumidor praticamente se mantêm ou aumentam.

Isto significa, mesmo para mim que não sou nenhum ás em economia (nem um duque quanto mais) que perante esta crise estrutural do sistema capitalista, o capital tenta por tudo encontrar soluções que não comprometam a sua sobrevivência enquanto modo de organização social. Essa tentativa desesperada de se agarrar à beira do precipício para não cair resultará a não ser que alguém empurre de facto o capital pelo abismo abaixo. Que ele não cairá de maduro, está mais que visto, pois que está já podre e ainda se aguenta.

Ainda assim me restam dúvida e daqui apelo às explicações: "se os lucros, e as bolsas a fechar em alta, e a saúde da economia nacional e da banca e das grandes empresas quando crescem são motivos para sorrisos desbragados do Governo e de propaganda dizendo que tudo vai bem, mesmo quando o povo quase não tem que comer, por que raio quando as bolsas caem, os lucros das baleias capitalistas diminuem e as grandes seguradoras e bancos falem, parece que a coisa é o fim do mundo? é que fome já havia, miséria já tínhamos, duplo emprego todos conhecem, baixos salários já eram regra e o desemprego já crescia?"

Os governos mostram-se disciplinados e não mordem a mão de quem lhes dá de comer: vá de salvaguardar os privilégios dos grandes interesses económicos, assegurar-lhes os lucros e fortalecer-lhes a posição nas relações laborais. À custa dos salários e dos impostos, tudo se há-de compor! A não ser que...

"vá o povo querer um mundo novo a sério".

1 comment:

Sérgio Ribeiro said...

Querer, quer!
Não sabe é COMO, e nós, que somos povo e que queremos ser vanguarda, andamos à procura de QUE FAZER?. E só pode ser COM ele, povo. Que quer mas, às vezes, é levado para caminhos invios (por outros vanguardas bem perversas). Vejam-se os anos 30.
Fica o apontamento que o teu post merecia bem melhor mas, nesta passagem-paragem, apenas quero (além do mundo novo a sério...) deixar-te um abraço